Cidacs Informa - A ciência dos dados administrativos
Boletim temático do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia)
De vez em quando, a gente recebe visita de estudantes de ensino médio nas instalações do Cidacs. Para conversar com eles, é sempre um desafio explicar o nosso básico: o que significa Coorte ou Dados Administrativos, por exemplo. Ao longo dos anos, inventei meu próprio jeito de explicar a arte que o Cidacs faz, mais ou menos assim: transformar dados coletados para registro do poder público (ou administrativos) em dados para a investigação científica, estruturado ao longo dos anos para analisar as consequências na saúde de uma população específica (ou em uma coorte).
Todo esse esforço é realizado por profissionais altamente capacitados, divididos em equipes que abarcam as diversas etapas desse processo, o que chamamos por aqui de Plataforma de Dados. São eles também que entram em contato com quem nos garante nossa matéria-prima que faz essa ciência de precisão inédita acontecer: os responsáveis pela guarda de cada base de dados, que nos cede as informações periodicamente após longos processos de negociação.
É o caso dos Sistemas de Informação alocados no Ministério da Saúde (conta-se a lenda que as bases chegam à casa das centenas), os quais nos permite entender como questões sociais e ambientais geram efeitos nos desfechos em saúde. O Ministério que faz 71 anos de criação no próximo dia 25, com uma missão (“Promover a saúde e o bem-estar de todos, por meio da formulação e implementação de políticas públicas de saúde, pautando-se pela universalidade, integralidade e equidade”) bem alinhada com nossa de produzir conhecimentos inovadores em prol da saúde pública das pessoas brasileiras.
É o processo de produção desses dados para investigação, as estrelas da ciência que produzimos por aqui, que vamos abordar neste Cidacs Informa. Mais uma vez, feito com um carinho todo especial para quem nos acompanha. Aproveito para desejar Vida Longa (e saudável, comandado sempre por quem entende de saúde coletiva) ao Ministério, Vida Longa ao SUS, Vida Longa à Ciência de Dados em Saúde!
Boa leitura,
Raíza Tourinho
Núcleo de Comunicação e Disseminação Científica
🗃️ Dados administrativos e o Cidacs 🧩
Os sistemas de informação (SI) em saúde estão evoluindo rapidamente. Este é um esforço que iniciou em meados da década de 1970. Do movimento da Reforma Sanitária do Brasil à implementação do atual Sistema Único de Saúde (SUS) no país, em 1988, possibilitando a articulação de municípios e estados, junto ao nível federal, para a produção e uso de dados administrativos necessários para:
Tomada de Decisão e Políticas Públicas
Planejamento e Alocação de Recursos
Monitoramento e Avaliação
Pesquisa e Análise
Serviços ao Cidadão
Gestão e Operações Internas
Esses grandes volumes de dados são produzidos em operações de rotina para diferentes finalidades, como orientação de políticas públicas, monitoramento de eventos (programas sociais, vigilância epidemiológica e de saúde pública), registros oficiais (óbitos e nascimentos), auditoria (internação), entre outros.
A criação do Cidacs em 2016 surgiu com a missão de realizar o trabalho ético e seguro com esses dados. O nosso trabalho é orientado em nome da ciência, uma parceria com a gestão pública e sociedade, um marco para os estudos em saúde e avaliação de políticas públicas. Nosso compromisso é antes com a população e o SUS.
Construindo o Cidacs 🏰
O Centro foi inaugurado em 7 de dezembro de 2016 com a missão de desenvolver um espaço seguro e metodologias para a vinculação de grandes bases de dados administrativos, buscando medir os efeitos na qualidade da saúde de populações beneficiadas por programas sociais.
“Nós conseguimos o espaço físico no Tecnocentro [Parque Tecnológico da Bahia] e começamos a desenvolver o conceito da construção de uma sala segura. E, ao mesmo tempo, estávamos desenvolvendo a tecnologia de linkage [vinculação de registros, em tradução livre], fazendo os testes com as bases. Quando o Cidacs foi efetivamente aberto, que esse projeto entrou em larga escala e aí a Coorte de 100 Milhões foi efetivamente formada no ambiente seguro do Cidacs” (Mauricio Barreto)
Esse trabalho só foi possível com o acesso aos dados administrativos. Cumprindo requisitos éticos e de segurança, através da vinculação entre os dados do Cadastro Único1 e do Sistema de Informação em Saúde no Brasil, foi possível o desenvolvimento das maiores coortes epidemiológicas do mundo, a de 100 Milhões de Brasileiros e a de Nascimentos. Utilizando as informações sociais e de saúde vinculadas, possibilitando descobrir a ciência desses dados, gerando assim conhecimentos em saúde e seus determinantes sociais. Não conhece ainda? Clique aqui e saiba mais sobre essas inovações.
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→ Cidacs: uma experiência de vinculação de dados de saúde e sociais no Brasil 📄
👨🏿💻 Infraestrutura e tecnologias👩🏿💻
Com o objetivo de continuar desenvolvendo a capacidade de pesquisa, precisamos também aumentar nossa capacidade computacional e de armazenamento e gestão de dados. Atualmente, a parte do Cidacs que compreende essa infraestrutura é conhecida como Plataforma de Dados.
🧩 Inovação
A equipe da Plataforma de Dados recebe as bases de dados, realiza uma análise e avaliação cuidadosa, e faz uma curadoria detalhada antes de tratá-las. Esse processo culmina na vinculação das bases e na produção de dados para pesquisas científicas. Uma das inovações mais cruciais é, sem sombra de dúvidas, o Cidacs-RL, um algoritmo criado para vincular grandes volumes de dados de diferentes bases, permitindo a análise de informações que combinam condições de vida e desfechos de saúde. Para conhecer mais, leia o artigo.
No âmbito de outros projetos, as equipes de pesquisa também estão inovando, desenvolvendo modelos computacionais sofisticados para os estudos em Atenção Primária à Saúde (APS), na vigilância edidemiológica para a antecipação de surtos, e na limpeza de grandes bases de dados.
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→ Pesquisadora do Cidacs publica na Nature Medicine sobre matemática e equidade em Saúde 🧮
🌐 Transparência nos dados
Sabia que o Cidacs tem um Dataverse? Nele, parte dos metadados disponibilizados pelo Centro podem ser acessados por qualquer usuário interessado. Até o momento, temos no ar materiais produzidos a partir de alguns dos datasets gerados de pesquisas da Coorte de 100 Milhões, da Coorte de Nascimentos, além de outros projetos e toda a Plataforma de Dados Desidentificados.
Nele, você encontra o conteúdo de dados anonimizados além de dicionários de dados e descritivas de alguns dos nossos linkages produzidos.
Para acessar clique aqui
📡 Radar Cidacs 📍
Essa é uma iniciativa do Núcleo de Comunicação e Disseminação Científica (NCD) do Cidacs para potencializar e dar visibilidade a temas relevantes à sociedade através de artigos feitos por nossos colaboradores.
Nos perguntam sobre dados, mas é preciso delicadeza e cautela. Ao falar da ciência dos dados administrativos, é necessário entender os cuidados éticos e de segurança por trás desse trabalho tão complexo e delicado.
Na última edição do Radar, o colaborador Luiz Conrado, da Curadoria de Dados, da Plataforma de Dados, publicou o texto “Sensibilidade: por que certo rigor no acesso a dados se faz necessário”. No texto o autor falou sobre alguns procedimentos éticos e de segurança por trás das nossas grandes pesquisas.
Ainda não leu? Então clica aqui para não perder.
❗❗ Inclusão social: o futuro da governança de dados no Cidacs
O Cidacs trabalha com ciência de dados populacional e grandes volumes de dados. Isso permite obter conhecimentos gerais sobre um território, mas a baixa qualidade de dados pode ampliar lacunas informacionais sobre grupos minoritários - pense em indígenas, quilombolas e ribeirinhos.
Motivada pela investigação dos determinantes sociais na saúde, nossa equipe busca garantir maior representação nos dados. Uma proposta é a governança inclusiva, que permite a participação social na orientação dos usos dos dados para pesquisa.
Saiba mais sobre clicando aqui.
Radar das últimas evidências 💻
Os desafios do Brasil e Equador para a Agenda 2030 📣
Um novo estudo da Unidade de Pesquisa em Determinantes Socais e Ambientais das Desigualdades em Saúde (SEDHI) analisa a evolução dos 40 indicadores relacionados à saúde, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), no Brasil e no Equador, de 1990 a 2019.
Métodos inovadores para estimar expectativa de vida em pequenas localidades 🗺️📍
A pesquisa projetou as tendências de taxas de mortalidade por sexo e idade, e a expectativa de vida para os mais de 5 mil municípios brasileiros. Os resultados indicam que, apesar de haver projeção de maior longevidade para a população em geral, municípios menos desenvolvidos socioeconomicamente tendem a ter a menor expectativa de vida.
Ciência na íntegra....🔍
📊 Impacto da APS na incidência e mortalidade por AIDS
A pesquisa de coorte, com 3,4 milhões de brasileiros, avaliou a exposição dessas pessoas a um dos maiores programas comunitários de APS do mundo, a Estratégia Saúde da Família (ESF) brasileira, na incidência e mortalidade por AIDS.
Leia o estudo completo na íntegra.
Desigualdade racial e saúde infantil 👶🏽
Pesquisa investiga as consequências do racismo estrutural sofridas por uma gestante em seus filhos e encontra que crianças nascidas de mães pretas, pardas ou indígenas são desproporcionalmente mais afetadas pela morte neonatal, pela prematuridade e pelo baixo peso, do que aquelas nascidas de pessoas brancas.
Clique aqui e acesse o artigo.
O Cidacs... 🚀 Em transformação?🧬⛈️
O Centro não para, mas também não esquece sua missão, ao mesmo tempo, está em contínua transformação. O Cidacs está sendo reconhecido na área de construção de diretrizes para o desenvolvimento de infraestruturas seguras para a integração de dados de saúde, como na parceria com o programa Genomas Brasil.
Outro grande desafio para o Cidacs é o desenvolvimento da Plataforma de Dados Climáticos, que busca vincular dados climáticos, sociais e de saúde. Na edição do dia 27 de junho do Radar Cidacs, com o Dia Mundial do Meio Ambiente celebrado em 5 de junho, o pesquisador associado Danielson Neves destacou alguns desafios para a “Organização e harmonização de banco de dados climáticos e ambientais”. Ainda não leu?
⚡ Rapidinhas do Cidacs ⚡
🌎 Cidacs no G20
Nosso coordenador, Mauricio Barreto, foi entrevistado durante um painel suplementar para a discussão do papel da Inteligência Artificial (IA) para o desenvolvimento da saúde e a ciência, organizado pela Opas, a PATH, a Wellcome Trust e o Fórum Econômico Mundial. Esta foi uma atividade suplementar durante a realização do encontro do Grupo de Trabalho (GT) em Saúde do G20 2024, ocorrido em Salvador. Saiba mais no site.
⭐ Uma visita superespecial ⭐
Ainda estamos emocionados com o encontro com o epidemiologista e diretor do Institute of Health Equity (IHE) da University College London (UCL), Michael Marmot. A visita aconteceu no começo de junho, também durante o encontro do G20 em Salvador. Além dele, recebemos representantes da Opas e da PATH. Confira a cobertura!
Parcerias em prol da saúde da população 🤝
📌Cooperação técnica a Secretaria de Saude do Estado da Bahia (Sesab)
No dia 12 de junho, recebemos a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) no Cidacs, marcada com o objetivo de fortalecer parcerias de cooperação técnica Sesab/Cidacs. A gente, que não perde tempo foi entender isso. Para o coordenador geral de Gestão de Sistemas de Tecnologias e Informação e Comunicação na Saúde – CGTICS da Sesab, Diego Daltro:
“Nossa ideia é aproximar a ciência em conjunto com a nossa eficiência e execução. Temos campos de pesquisa no Cidacs sendo construídos e modelos metodológicos muito avançados para o Brasil. Entendemos que os nossos eixos precisam desse apoio e queremos aprimorar cada vez mais a saúde digital na Bahia”
Já Roberta Sampaio, Coordenadora Executiva de Fortalecimento do SUS na Sesab, destacou:
“A prática da gestão é sempre executar a política. Precisamos da avaliação e análises de impacto de efetividade que nos ajude a reavaliar, reformular e mudar de acordo com a necessidade da população e é isso que a gente espera dessa parceria com o Cidacs, que junto conosco nos ajude a melhorar nossa gestão e as condições de saúde da população”
👨🏻💻👩🏽💻 Semana de oficina de Linkage com SVSA 🔗
Profissionais da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente – SVSA vieram até o Cidacs aprender com o Núcleo de Produção de Dados, questões relacionadas ao linkage e imersão dos presentes. O encontro aconteceu do dia 08 a 12 de julho, nas instalações do Cidacs. Participaram da oficina Dayan Salles, Cid de Paulo dos Santos, João Carlos Sousa, Pedro de Sá, Amanda Krummenauer e José Nildo Silva, da SVSA.
Confira aqui a publicação no nosso Instagram.
👩🏾🦱 Julho das pretas ✊🏿
Nesse mês de julho, especificamente no dia 11, aconteceu o Webinário “Racismo e Saúde na América Latina”. O evento marca o Julho das Pretas e o mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher Negra Afro Latina Americana e Caribenha (25 de julho). O objetivo do acontecimento foi de discutir como o racismo influencia os determinantes de saúde na América Latina e os efeitos das desigualdades na vida das mulheres negras.
Ficou de fora? Clique aqui para saber mais ou assistir o webinário!
📲 Nas redes
Do que precisamos para evitar a crise climática? ⌛
Motivados pelo marco do Dia Mundial do Meio Ambiente em junho, lançamos dois conteúdos especiais com reflexões sobre a crise climática. Através deles, você poderá conhecer mais a fundo nosso trabalho com dados e estudos climáticos.
Orgulho LGBTQIA+ 🌈
Para marcar o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, 28 de junho, fizemos um post especial discutindo a importância de continuar a buscar a representatividade de grupos minoritários nos dados populacionais.
Em tempo: Outro conteúdo relacionado a representatividade de gênero e orientação sexual nos dados foi a nossa entrevista com a pesquisadora Priscilla Normando. Vale a pena assistir!
Expediente
Curadoria e Redação: Walisson Araújo, Larissa Costa e Mariana Sebastião
Identidade visual: Gilson Rabelo
Edição: Raíza Tourinho
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Ferramenta essencial para conhecer a realidade socioeconômica das famílias de baixa renda no Brasil e unificar programas de políticas públicas de combate à pobreza e desigualdades sociais.