Cidacs Informa - Plataforma Zika
Boletim mensal temático do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) - Edição sobre Zika
Em fevereiro de 2015, os primeiros casos de Zika foram detectados no Brasil. Meses depois, os noticiários falavam do nascimento de bebês com “microcefalia”. “‘Foi algo na água’, o que está acontecendo?”, se perguntavam as comunidades leiga e científica. Mas logo foi comprovada a associação da infecção pelo vírus Zika durante a gravidez com o crescimento do número de bebês nascidos com anomalias congênitas, especialmente na região Nordeste.
Diante do cenário de epidemia e do desconhecimento sobre a doença, foi estruturada a “Plataforma Zika – Plataforma de vigilância de longo prazo para a Zika e suas consequências” e o Cidacs Informa deste mês é todo dedicado a divulgar as ações e resultados deste projeto.
Coordenada pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs-Fiocruz Bahia) e pela Fiocruz Brasília, em parceria com a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde, a Plataforma começou as suas atividades em 2016. Mais de 40 pesquisadores, vinculados a instituições nacionais e internacionais, se organizaram para aprimorar o conhecimento sobre a Zika e consequentemente apoiar a adoção de políticas públicas para o seu enfrentamento.
As ações da Plataforma Zika foram estruturadas dentro de cinco metas principais que geraram muitas inovações. Dentre os resultados dessas metas estão a construção de uma plataforma de dados administrativos integrados para a pesquisa sobre a doença, uma coorte epidemiológica da população acometida pelo Zika vírus para o acompanhamento longitudinal (ao longo do tempo), a identificação das iniciativas mais recentes de pesquisa sobre o assunto para aprimorar hipóteses e o estabelecimento de colaborações entre os setores de pesquisa, gestão social e população.
Boa leitura!
🔛 Site repositório da Plataforma Zika
Iniciamos nossa news informando que está no ar o site repositório da Plataforma Zika. Fruto de um grande esforço de equipe, o ambiente reúne todas as informações sobre o projeto executado, além do acesso às publicações, produtos, inovações, vídeos e notícias divulgadas sobre os resultados das ações. Navegue e conheça!
Estudos Epidemiológicos
➡️ Impactos Epidemiológicos
Por meio da construção de uma plataforma integrada de diferentes bases de dados administrativos nacionais, sociais e de saúde, essa parte da Plataforma desenvolve estudos longitudinais de longo prazo, para definir o espectro da microcefalia/Síndrome de Zika Congênita e seu impacto epidemiológico sobre a saúde e condições de vida das crianças acometidas. Clique aqui e confira uma entrevista com a nossa pesquisadora Maria Glória Teixeira sobre os estudos epidemiológicos da Plataforma Zika.
◼️ Maior risco de mortalidade
Um dos resultados dessa meta foi o estudo inédito publicado recentemente na The New England Journal of Medicine, o periódico com maior impacto na comunidade científica, constatou que crianças com Síndrome Congênita da Zika (SCZ) tem até onze vezes mais chances de morrer em comparação com crianças sem a Síndrome, até o terceiro ano de vida. Confira!
🔢 Algoritmo para “diagnóstico”
Os estudos epidemiológicos também geraram inovações. O grupo desenvolveu ainda um algoritmo que pode ajudar na classificação da Síndrome Congênita da Zika (SCZ). Usando técnicas avançadas de inteligência artificial, este algoritmo é capaz de ler e interpretar prontuários médicos e laudos dos médicos para, em instantes, classificar milhares de casos e diminuir em 70% o trabalho dos profissionais de saúde. A falta dessa classificação dificulta com que pais e responsáveis obtenham, por exemplo, benefícios sociais para as crianças acometidas com a SCZ. Saiba mais!
📈 Aumento da notificação no Brasil
Parece contraditório, mas a chegada da Zika no Brasil trouxe um aspecto positivo: ajudou a melhorar a notificação de má-formação nos recém-nascidos. Esse é um dos achados de um estudo conduzido por nossos pesquisadores, que avaliou a base de dados de nascidos vivos no Brasil, de 2010 a 2017. A avaliação inédita foi publicada na edição de setembro da renomada revista PLOS Neglected Tropical Disease. Fique por Dentro.
🌐 Filogeografia e Zika
No quadro audiovisual “Dê voz ao seu artigo”, a pesquisadora da Plataforma Larissa Costa explica como métodos de filogeografia foram aplicados para reconstruir a história espaço-temporal do vírus Zika nas Américas e com mais detalhes dentro do Brasil. O estudo traz novos insights sobre os primeiros momentos do vírus nas Américas e descreve pela primeira vez padrões de migração dentro do Brasil. Quer saber mais? Assista ao vídeo!
🦟 Correlação com casos de Dengue e Chikungunya
Quando casos de Zika e Chikungunya foram identificados no Brasil, a dengue já era endêmica no país. Depois que foi identificado o agente causador dessas duas novas doenças, surgiu a necessidade de compreender qual foi o impacto delas na transmissão da dengue e vice-versa. Na série “Dê voz ao seu artigo”, Juliane Oliveira, pesquisadora associada ao Cidacs, explica como foi feito o estudo no qual buscou-se entender, através de modelos estatísticos e matemáticos, como a notificação de casos da dengue foi afetada pela entrada dessas duas doenças.
⚠️ Letalidade da microcefalia
Este estudo analisou a taxa de letalidade e as características materno-infantis dos casos e óbitos relacionados à microcefalia na Síndrome Congênita da Zika (SCZ), no Brasil, entre 2015 a 2017. No quadro audiovisual “Dê voz ao seu artigo”, Luciana Lobato, pesquisadora associada ao Cidacs, explicou que foi observada uma alta taxa de letalidade de casos de microcefalia/SCZ e importantes fatores associados a óbitos relacionados a essa síndrome. Vem ver!
👧🏾👦🏼 Síndrome Congênita da Zika e Infância
Ainda é pouco o que se sabe sobre o desenvolvimento físico de crianças com Síndrome Congênita do Zika. No entanto, o Cidacs desenvolveu um estudo para avaliar características antropométricas de crianças com SCZ até 12 meses. Leia na íntegra.
Coorte Epidemiológica
⌛ Acompanhamento de longo prazo
O acompanhamento de longo prazo das pessoas acometidas pelo Zika vírus e suas condições de vida envolve uma série de processos de curadoria de dados. O desenvolvimento desses processos de governança e gestão de dados é um dos objetivos Plataforma Zika e isso gerou pelo menos duas inovações: a utilização de dados administrativos para fins de pesquisa e a vinculação de bases com grandes volumes de dados. Nesta entrevista, a vice-coordenadora do Cidacs/Fiocruz Bahia, Maria Yury Ichihara, explica todo o trabalho de preparação dos dados para que eles possam ser utilizados nas pesquisas.
🍼 Perfil da Coorte de Nascimentos
A coorte de nascimentos do Cidacs é uma base de dados importante, criada durante as atividades da Plataforma Zika e que ficará como um legado da Plataforma para outros estudos neonatais. Entre os seus objetivos, está a investigação das relações entre eventos pré-natais e precoces em desfechos relacionados à saúde de bebês, crianças, adolescentes e mães no contexto das desigualdades sociais, incluindo infecções congênitas. Neste artigo, os autores traçaram um perfil da coorte, explicando quem faz parte dela, como foram feitos os processos de vinculação dos dados e descrevendo os principais pontos fortes e fracos.
🎲 CIDACS‑RL em dados de grandes bases diferentes
Para vincular os dados de um mesmo indivíduo a partir de duas ou mais grandes bases diferentes, os pesquisadores criaram o CIDACS-RL, um algoritmo de ligação de registro determinístico. Esse algoritmo é inovador para grandes conjuntos de dados por ser mais preciso e ter menor tempo de execução em comparação com outras ferramentas já existentes. Este artigo explica o funcionamento do CIDACS-RL e compara o seu desempenho com outras ferramentas existentes. Já esse estudo mais específico avalia a qualidade da ligação dos registros feita pelo CIDACS-RL, sua precisão e escalabilidade.
Ciência Aberta
✅ Impactos reais
Para acompanhar as crianças nascidas com SCZ, entre 2015 e 2018, através da vinculação de dados, foi necessário entender esses dados como bens públicos e de alto valor, que precisam de gestão, compartilhamento, abertura e reutilização, bem como da participação social nas decisões sobre a governança e o destino deles. Nesta entrevista, a pesquisadora do Cidacs/Fiocruz Bahia, Bethânia Almeida, explica como foi o processo, dentro da Plataforma Zika, de discutir o uso de dados administrativos para a pesquisa na perspectiva da ciência aberta e cidadã.
🔓 Gestão, compartilhamento e abertura de dados
Na Plataforma Zika, os pesquisadores estudaram e mapearam iniciativas mundiais sobre ciência aberta e dados abertos, gerando como resultado um relatório chamado de Livro Verde. Nele, discute-se sobre como têm sido realizados os procedimentos para que dados primários – aqueles gerados na coleta – possam ser reutilizados. A partir desse panorama inicial, os pesquisadores da Plataforma identificaram que, como grupo, possuíam a necessidade de discutir políticas e diretrizes para reutilização de dados secundários – coletados pelo governo em suas diferentes atividades.
As iniciativas nessa direção resultaram na criação do Grupo de Trabalho sobre Ciência Aberta na Fiocruz, deram subsídio à realização de um estudo sobre os marcos legais nacionais que incidem sobre temas vinculados à abertura de dados para pesquisa em saúde, estimularam a discussão para a criação da Política de Gestão, Compartilhamento e Abertura de Dados da Fiocruz e auxiliaram na produção de conteúdo para o curso sobre Ciência Aberta disponível no Campus Virtual da Fiocruz. Saiba mais!
💻 Lei Geral de Proteção de Dados
Com o advento do Big Data e do movimento da Ciência Aberta, esforços para disseminar e reutilizar dados de distintas fontes ganharam força. Neste contexto, emergem questionamentos éticos, legais e analíticos em torno dos usos e da reutilização de dados, particularmente de dados pessoais. Na série “Dê Voz ao seu Artigo”, Bethânia Almeida, pesquisadora do Cidacs/Fiocruz Bahia, explica o seu estudo que discutiu sobre o compartilhamento e a abertura de dados para pesquisa científica na perspectiva da Ciência Aberta, e também as especificidades da pesquisa científica e da saúde pública no âmbito da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Assista!
🔎 Percepções e experiências
Pesquisadoras da Plataforma Zika conduziram um estudo exploratório que buscou compreender as experiências e percepções de indivíduos de determinados segmentos da sociedade acerca do compartilhamento e vinculação de dados pessoais, tanto na esfera pública (pesquisas científicas e políticas públicas) quanto na esfera privada. Foram entrevistados indivíduos pertencentes a grupo de pacientes, beneficiários de programas sociais, pesquisadores usuários de dados administrativos e gestores públicos. A pesquisa gerou o relatório “Percepções e experiências sobre compartilhamento e vinculação de dados para pesquisa e avaliação de políticas públicas na área da saúde”, que também tem o sumário executivo em português, inglês e espanhol.
Cooperação
🔄 Inteligência cooperativa
A Plataforma Zika abriu espaços de diálogo e interação social para promover o encontro de diferentes atores envolvidos no enfrentamento da epidemia de Zika no Brasil. Um marco disso foi a realização da primeira Feira de Soluções para a Saúde, na Bahia, direcionada ao enfrentamento da Zika. A partir dessa experiência, o escopo da Feira foi ampliado para outras questões de importância sanitária. Nesta entrevista, o pesquisador Wagner Martins, da Fiocruz Brasília, fala sobre a criação de redes cooperativas dentro da plataforma para articular atores sociais em torno da agenda tecnológica de enfrentamento de crises sanitárias.
⏯️ Painel Interativo - Banco de Soluções
Quase 300 diferentes soluções para a saúde estão cadastradas de forma interativa e podem ser atualizadas em tempo real no Painel Interativo – Banco de Soluções, disponibilizado pela Fiocruz Brasília. Essas soluções foram apresentadas por diferentes atores sociais - trabalhadores, gestores, empresas e movimentos sociais – nas quatro edições da Feira de Soluções para a Saúde. A partir das informações cadastradas no Banco, alguém interessado em replicar a solução, um parceiro público ou privado e o público em geral conseguem visualizar cada solução no seu contexto geral.
Redes de Pesquisa
💰 Investimento em pesquisa
A Plataforma Zika também teve como um dos seus objetivos realizar a prospecção de pesquisas sobre a Zika, analisando a produção científica sobre a doença no Brasil e no exterior. Nesta entrevista, o pesquisador Ricardo Barros, da Fiocruz Brasília, explica como foi feita e como pode contribuir para um melhor direcionamento dos recursos, sobretudo para que o Brasil aprimore sua capacidade de desenvolver pesquisas de ponta e se torne menos dependente de tecnologias importadas. Ele aborda, ainda, outras questões de política científica e colaboração internacional.
👥 Plataforma e-Lattes
Um objetivo específico da Plataforma Zika era identificar os pesquisadores que estudavam Zika no Brasil. Para isso, foi criada a e-Lattes, uma ferramenta computacional inovadora, em forma de pacote R, capaz de explorar dados dos pesquisadores na Plataforma Lattes e apresentá-los de forma amigável e com possibilidade de gerar gráficos dos resultados da análise. Para testar o seu funcionamento, os pesquisadores fizeram um estudo para mapear a produção científica brasileira sobre o Zika vírus.
🌏 Zika Vírus no mundo
Neste estudo, os pesquisadores fizeram uma investigação da produção científica sobre Zika no mundo. Foram utilizadas diferentes bases de dados e identificado o número de publicações por área, os países que mais publicam e os níveis de colaboração científica. Nesse escopo, o Brasil se destaca pelo grande número de publicações científicas sobre Zika.
📰 Acontece no Cidacs
Em um novo estudo realizado por pesquisadores do Cidacs, foi constatado que duas doses da vacina Coronavac ofertaram uma taxa de 41% de efetividade contra a covid sintomática, com 85% de chance de evitar sintomas graves, em mulheres gestantes no Brasil. O estudo alerta para a necessidade da vacinação completa. Confira aqui!
Em uma outra pesquisa do Cidacs, foi identificado que mães casadas, pretas/pardas e mais jovens (entre 14 e 19 anos) possuem mais chance de ter um parto prematuro. Saiba mais!
Os pesquisadores analisaram o perfil de usuários do IBP (Índice Brasileiro de Privação) e constataram que o maior público usuário é a comunidade acadêmica, totalizando 78% dos acessos. Gestores públicos são o segundo grupo, seguidos por profissionais, ONGs, jornalistas e público-geral. Mais de 364 pessoas já solicitaram o download, com maior número de acesso nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Bahia.
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Até a próxima!