Cidacs Informa - o avanço das exatas na saúde
Boletim temático do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia)
Trabalhar no Cidacs é aprender a lidar constantemente com novos desafios. E, muitas vezes, as questões só podem ser devidamente solucionadas se encaradas por diversos ângulos, com o aporte de diferentes áreas. São vários os desafios de pesquisa no Cidacs que os profissionais de ciências exatas contribuem de forma essencial. E, do lado de cá de quem é de humanas e só participou das discussões enquanto observadora, recordo de alguns ao longo dos anos.
É o caso do P-Valor, uma medida de probabilidade que indica a força das evidências em um teste estatístico. É comum ser utilizada para indicar se um resultado pode ser considerado significante ou não. Mas quando se trabalha com grandes volumes de dados, com muitas observações como no Cidacs, o valor de P é extremamente baixo para tudo. Assim, depois de muito debater, abolimos o valor de P de nossas análises. (Atualização em 21h31: a nossa pesquisadora Rosemeire Fiaccone me mostrou que não fujo ao esterótipo de pessoa de humanas, e esse texto foi editado para atualizar “valor de p alto” por “baixo”. Ela também acrescentou - e aqui cito, para não errar de novo: “Pode haver associação espúria uma vez que o valor de p é muito pequeno já que o número de observações é muito grande. Ou seja, teremos uma propensão maior a rejeitar a hipótese nula de ausência de associação”).
Mas esse é só um exemplo, um tanto quanto insignificante (perdão pelo trocadilho), dos aportes das exatas que possibilitaram o Cidacs se tornar referência na pesquisa científica com grandes volumes de dados administrativos. Teve muito mais: como diferenciamos os falsos resultados positivos da tríplice epidemia (os casos que eram zika, classificados como dengue, por exemplo); como preservamos a anonimização em uma visualização de dados por municípios em uma base extremamente rica e cheia de eventos raros; como elaboramos uma base sintética para simular os resultados de uma forma mais rápida e precisa; como fazer um linkage de dados mais veloz adaptando a tecnologia usada nos buscadores da internet; e por aí vai.
Passaria essa edição de News rememorando exemplos. Mas vamos ao conteúdo de fato sobre o que representa esse avanço das exatas na saúde. Principalmente para gerar as inovações de referência que desenvolvemos por aqui.
Boa leitura!
Raíza Tourinho
Líder de Comunicação e Disseminação Científica do Cidacs
Como as ciências exatas contribuem para tornar o Cidacs referência em pesquisa em saúde pública?
Mais do que números e fórmulas... inovação, tecnologia e colaboração
As ciências exatas, como matemática, estatística, computação e engenharia, desempenham um papel importante nas pesquisas em saúde pública desenvolvidas no Cidacs. Ao lidar com grandes volumes de dados e aplicar metodologias rigorosas, as ciências exatas contribuem para inovações que possibilitam pesquisas e evidências para dar suporte para melhorar a qualidade da saúde no Brasil. Desde a criação de algoritmos de vinculação de dados até o uso de aprendizagem de máquina para antecipar riscos de surtos de doenças, essas áreas são essenciais para construir evidências científicas robustas e apoiar a tomada de decisões em saúde pública.
No Cidacs, profissionais das ciências exatas colaboram ativamente para garantir que os dados sejam curados, tratados, processados e analisados com precisão e segurança, possibilitando o avanço de estudos de grande escala, como as coortes de 100 Milhões de Brasileiros e a de Nascimentos. Além disso, o trabalho interdisciplinar é a chave para tornar o Cidacs uma referência mundial em pesquisa de saúde baseada em grandes bases de dados administrativos populacionais e que contribui para a formulação de políticas de saúde mais eficazes e baseadas em evidências, beneficiando a população brasileira como um todo.
O papel das ciências exatas no Cidacs 🔢
As ciências exatas oferecem a infraestrutura necessária para o manejo de grandes bases de dados, além de desenvolverem metodologias inovadoras para vinculação e curadoria de dados. Veja abaixo 10 maneiras de como as ciências exatas contribuem para a pesquisa em saúde pública:
Na matemática e estatística com análises avançadas de dados.
Ciência da computação com gerenciamento e processamento de grandes volumes de dados.
Modelagem computacional com simulações para apoio à realização das pesquisas e evidências para a tomada de decisões.
Aprendizagem de máquina e inteligência artificial para predição de riscos e doenças.
Engenharia de software no desenvolvimento de plataformas e sistemas para a saúde.
Criptografia e segurança de dados para a proteção da privacidade de informações sensíveis.
Pesquisa operacional para a otimização de recursos na pesquisa em saúde.
Física e biofísica para desenvolver modelos de dinâmica de doenças.
Visualização de dados para tornar dados complexos mais compreensíveis.
Ciência de dados para integração e interpretação de informações multidimensionais.
Um exemplo disso aqui no Centro é a inovação do Algoritmo Record Linkage (Cidacs RL), que permite vincular bases de dados com alta precisão, potencializando a pesquisa em saúde pública e tornando o Cidacs uma referência nesse campo.
💡As ciências exatas são aplicadas no Cidacs em diversas áreas, como:
🌐Transformando dados em soluções
Dar significado a dados que até então parecem somente um apanhado numérico confuso para a maioria dos cidadãos é uma tarefa e tanto, não acha?! Conheça como as Ciências Exatas lidam com soluções de saúde a partir dos dados aqui no Cidacs na nossa matéria especial.
Especial Mulheres nas Ciências Exatas👩🏽💻👩🏼💻
Entendendo que o lugar da mulher é onde ela quiser - inclusive nas Exatas - demos início à série 'Mulheres nas Ciências Exatas''. Vamos emprestar o brilho de algumas de nossas colaboradoras desta área para inspirar mulheres e meninas que sonham em atuar na ciência. Para vocês, a notícia é ótima: existe espaço para todas e ele vem sendo pavimentado por outras mulheres.
Iniciamos a série nesta conversa com Juliana Freitas, pesquisadora da área de Estatística, que falou sobre o seu gosto e vocação por ciência, sem deixar de lado o seu “modo de sobrevivência” para persistir no mercado ainda excludente.
Assista a entrevista com Juliana no nosso canal do YouTube.
⭐ E uma das nossas homenageadas da série trouxe, também, uma ótima notícia: Leila Amorim, estatística e pesquisadora colaboradora do Cidacs, se tornou integrante da Academia de Ciências da Bahia (ACB)! A homenagem é resultado de todo um legado da super-cientista dedicado a resolver problemas na área da saúde. ✨
Mas calma que esse especial está só começando. Ainda falaremos sobre as estrelas Leila Amorim, Samila Sena, líder do Núcleo de Produção de Dados (NPD) do Cidacs, Juliane Fonseca, matemática e pesquisadora, e Tâmara Ribeiro, colaboradora do Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI). Aproveita e segue a gente para não perder as próximas postagens no nosso Instagram.
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→ Pesquisadora do Cidacs na Nature Medicine: Modelagem Matemática e Equidade em Saúde 🧮
Radar das últimas evidências 💻
Estratégia Saúde da Família (ESF) pode reduzir 24% dos casos e em até 32% das mortes por Aids no Brasil
Baseada em dados de 3,4 milhões de brasileiros, pesquisa revela que o efeito da ESF pode diminuir a incidência e a mortalidade por Aids em populações com maior vulnerabilidade econômica. O estudo contribui com evidências para orientar decisões e investimentos para cumprir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de eliminar a Aids até 2030.
Estudo revela como dados de mobilidade podem ajudar a prevenir futuras pandemias
Dados de mobilidade humana podem otimizar a vigilância de patógenos permitindo a detecção antecipada de doenças para evitar futuras emergências de saúde pública. A redistribuição estratégica das unidades da rede sentinela brasileira responsável por essas análises pode aumentar a cobertura de 52% para 70% no Brasil.
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→ Saiu no The Conversation: Padrões de deslocamentos humanos podem ajudar a descobrir os passos iniciais de doenças infecciosas
Fim da desigualdade racial evitaria parte das mortes neonatais no Brasil, indica estudo
Pesquisa constata que filhos de gestantes pretas, pardas e indígenas enfrentam maior risco de desfechos negativos. Analisando dados de 23 milhões de nascimentos entre 2012 e 2019, o estudo mostra que 12% das mortes neonatais poderiam ser evitadas sem desigualdade racial – pouco mais de 12 mil mortes de crianças com até 7 dias de vida.
Descoberta de novas proteínas abre caminho para tratamentos inovadores contra Leishmaniose
A pesquisa descobriu três novos grupos de proteínas entre as 20 mais promissoras para tratar leishmaniose, uma doença parasitária. Essas proteínas oferecem novas oportunidades para tratamentos mais eficazes. Destaca-se a necessidade de políticas públicas e parcerias para acelerar o desenvolvimento de tratamentos acessíveis e completos.
Diagnóstico molecular pode ser realizado em menos tempo e ser mais barato para doenças com potencial epidêmico
Diagnóstico molecular pode ser realizado de forma mais rápida e acessível para doenças com potencial epidêmico 🧬. Pesquisadores exploram forma simplificada para sequenciar patógenos virais, permitindo respostas mais ágeis a surtos.
Por último, mas não menos importante....
→ Artigo sobre a ocorrência da hanseníase no Brasil destaca a redução da incidência da doença, mas ressalta a persistência de desafios, especialmente nas regiões com menores níveis de desenvolvimento socioeconômico.
📡 Radar Cidacs 📍
Essa é uma iniciativa do Núcleo de Comunicação e Disseminação Científica (NCD) do Cidacs para potencializar e dar visibilidade a temas relevantes à sociedade através de artigos feitos por nossos colaboradores.
Na última edição do Radar, o colaborador Carlos Teles, estatístico e pesquisador no Cidacs/Fiocruz Bahia, publicou o texto Reflexão sobre os usos e abusos da estatística”. O autor destaca que abusos de estatísticas não são novos: alguns ocorrem por ignorância, outros para ocultar dados desfavoráveis. Carlos oferece dicas para aprimorar habilidades em pensamento crítico estatístico.
Ainda não leu? Então clica aqui para não perder.
Mais do Radar Cidacs
→ A política de dados e os dados sobre a diversidade, por Maíra Lima de Souza
→ Uso dos registros de rotina na pesquisa no campo da alimentação e nutrição: relatos da nossa experiência!, por Rita de Cássia Ribeiro Silva, Mariana Ramos Pitta Lima e Bethânia de Araújo Almeida
⚡⚡ Rapidinhas
Setembro Amarelo: um alerta importante
Neste Setembro Amarelo, uma pesquisa do Cidacs traz à tona um tema crucial: a saúde mental de crianças e adolescentes. Entre 2011 e 2022, observamos um aumento alarmante nas taxas de suicídio e autolesões entre jovens de 10 a 24 anos, superando a média da população. Esse fenômeno, que também se reflete em diversas partes do mundo, exige nossa atenção e ação.
Para ajudar a entender melhor como abordar esse tópico delicado com as novas gerações, confira o episódio de O Assunto, no qual utilizaram os dados da nossa pesquisa para discutir estratégias e a importância do diálogo sobre saúde mental. Ouça agora: Como falar de suicídio com crianças e adolescentes.
🌍 Cidacs com agenda cheia de eventos na África do Sul
Congresso Mundial de Epidemiologia 2024 🌟
O Cidacs se destaca no Congresso Mundial de Epidemiologia, promovido pela International Epidemiological Association (IEA), com várias apresentações e pôsteres destacando pesquisas inovadoras. O evento, que acontece de 24 a 27 de setembro na Cidade do Cabo, foca em "Epidemiologia e Complexidade: Desafios e Respostas". Fiquem ligados, porque grandes insights estão a caminho! 🚀💡
Parceria Sul-Sul para um Modelo Comum de Dados 🌎🌏
Em paralelo ao congresso, o Cidacs participa do segundo workshop presencial com o Provincial Health Data Centre (PHDC) e South African National Bioinformatics Institute (SANBI), aprofundando a colaboração para desenvolver um Modelo Comum de Dados com o OMOP e ferramentas OHDSI. Este workshop dá continuidade ao primeiro encontro presencial, realizado em abril, em Salvador, na Bahia. O encontro acontece nos dias 23, 28 e 29 de setembro e visa avançar no estudo de infecções na gravidez no Sul Global.
Relacionado:
→ Cidacs consolida área de interoperabilidade de dados e análises federadas
💻 Cidacs participa da Conferência Internacional de Linkage de Dados Populacionais
O Cidacs marcou presença na Conferência Internacional de Linkage de Dados Populacionais (IPDLN) de 2024, que ocorreu de 15 a 18 de setembro no Fairmont Chicago, sendo o único representante do Sul Global. Com o tema central “Adaptando-se a um Mundo em Mudança”, o evento ofereceu uma análise aprofundada das aplicações práticas da vinculação de dados em um cenário global dinâmico. Fomos destaque em um workshop de quatro horas, conduzido pela vice-coordenadora do Centro, Bethânia Almeida, e pelo pesquisador associado Robespierre Pitta.
Quer saber mais sobre o que aconteceu neste evento? Leia nossa matéria no site.
Possibilidades de parcerias são discutidas em encontro entre Cidacs e Umane 🌟
Nos dias 12 e 13 de setembro, tivemos a honra de receber Thais Junqueira, superintendente da Umane, aqui no Cidacs. Durante a visita, apresentamos nossas principais pesquisas e mostramos também como trabalhamos com comunicação e engajamento público da ciência. Foi um encontro superprodutivo e inspirador! 💡 Saiba mais clicando aqui.
Linkando saberes em Brasília! 🚀
Nos dias 09 e 10 de setembro, a equipe da Plataforma de Dados do Cidacs aterrissou em Brasília para uma oficina de linkage! Essa técnica incrível permite unir dados de diferentes fontes e foi uma parceria fantástica com a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde. A oficina contou com a presença da Plataforma de Dados e da equipe do Núcleo de Produção de Dados (NPD). Juntos, estamos construindo um futuro mais conectado para a saúde pública! 💡✨
🔗Confira tudo clicando aqui.
Presença na Global Health Conference of the Americas 2024! 🌍💡
Entre os dias 3 e 5 de setembro de 2024, o Cidacs brilhou na Global Health Conference of the Americas, realizada no Modesto A. Maidique Campus da Universidade Internacional da Flórida, em Miami. Nossos representantes, Manoel Barral Netto e Pablo Ivan Pereira Ramos, líderes do Sistema de Alerta Antecipado de Surtos (ÆSOP), apresentaram inovações incríveis na detecção de patógenos usando dados da Atenção Primária à Saúde e métodos avançados! 👏
🔗Clique aqui para saber mais.
Oportunidade: venha fazer parte do Cidacs!💼👜👇🏾
Temos duas oportunidades para colaboração!
O Cidacs está com uma vaga aberta para Engenheiro de Dados Pleno, para atuar na Curadoria de Dados do nosso centro! Se você tem conhecimento em dados ou conhece alguém que se encaixe, acesse a descrição da vaga e saiba mais.
Estamos em busca de um Assistente Educacional para integrar a equipe de Desenvolvimento de Capacidades do Cidacs! Se você possui experiência nessa área ou conhece quem tenha, não perca tempo e confira a vaga! Veja mais sobre a vaga aqui.
Expediente:
Curadoria: Walisson Araújo, Victoria Alvineiro, Larissa Costa e Raíza Tourinho
Redação: Walisson Araújo, Victória Alvineiro, Larissa Costa e Consuela Araújo
Identidade visual: Gilson Rabelo
Edição: Mariana Sebastião
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